Entre fila, fama e o silêncio das grandes:
Será que estamos vendo o fim de uma era?
O último dia da Brasil Game Show 2025 (BGS) foi um verdadeiro retrato da atual cena gamer brasileira: vibrante, cheia de energia, mas também cercada de contrastes e sinais de desgaste. As filas quilométricas se formaram desde cedo, com visitantes de todas as idades disputando espaço para ver seus ídolos, testar lançamentos e sentir de perto o que ainda resta do espírito das grandes feiras de games.
Mesmo com o público lotando os corredores, a sensação para quem acompanha a BGS há anos foi a de que algo estava diferente. Faltou aquele brilho que outrora fazia do evento uma experiência imersiva e memorável. Ainda assim, é inegável que, para quem pisou pela primeira vez no pavilhão, a experiência foi mágica. O sorriso de cada novo visitante, o brilho nos olhos das crianças e o entusiasmo dos cosplayers mostraram que a essência do público gamer continua viva — mesmo que o mercado e a estrutura do evento pareçam estar mudando de fase.
Mas sendo sincero, pra mim a BGS desse ano foi o mesmo que nada.
🌟 O auge do evento: Hideo Kojima no palco principal
O grande destaque do dia foi a presença do lendário Hideo Kojima, criador de Metal Gear, Death Stranding e do aguardado OD. No palco principal, ele participou de uma entrevista mediada por Baggi (Gabi Catuzzo) e Ana Xisdê, duas figuras queridas e influentes da cena nacional.
Durante a conversa, Kojima comentou brevemente sobre OD, seu misterioso projeto de terror desenvolvido em parceria com a Xbox Game Studios, e deixou escapar pequenas pistas sobre uma série futurista que está em desenvolvimento, embora tenha afirmado que ainda não pode revelar muitos detalhes. Ele também mencionou os planos para a adaptação cinematográfica de Death Stranding, alimentando ainda mais a curiosidade dos fãs.
Foi um momento histórico para o público brasileiro, que lotou o espaço e vibrou a cada palavra do criador japonês. Ver Kojima ao vivo é presenciar uma das mentes mais criativas da indústria em ação — e o público sentiu isso.
⚠️ O problema da organização e o dilema da imprensa
Um episódio constrangedor marcou a participação de Hideo Kojima na BGS 2025: a coletiva de imprensa, reservada exclusivamente para jornalistas e veículos especializados, acabou sendo invadida por influenciadores e youtubers de diversos segmentos, alguns sem qualquer relação com o universo dos games.
O resultado foi o caos: profissionais da mídia, que aguardavam horas para entrevistar o criador, não conseguiram acesso ou espaço dentro da sala. A confusão gerou frustração entre jornalistas e fotógrafos, que questionaram a falta de controle e priorização da organização.
- O Meet & Greet com Hideo Kojima
O tão aguardado encontro com Kojima também acabou gerando frustração entre os fãs. Muitos relataram desorganização e falta de transparência na distribuição das pulseiras. De acordo com o público, a organização havia informado que a entrega começaria apenas após a abertura dos portões, ao meio-dia — porém, as pulseiras foram liberadas por volta das 7h da manhã, beneficiando apenas quem chegou muito cedo. A ausência de um aviso oficial sobre essa antecipação gerou revolta e sensação de injustiça. Diversos vídeos no X e em outras redes sociais registraram o ocorrido. Houve relatos de pessoas que viajaram de outros estados e não conseguiram a pulseira, enquanto outras, segundo comentários de fãs, teriam utilizado até mesmo pulseiras falsificadas para conseguir acesso.
- A transparência e respeito como prioridade!
Esses episódios mostram que tanto a imprensa quanto o público precisam ser tratados com respeito e prioridade. Para a mídia especializada, é fundamental que coletivas e entrevistas tenham controle rigoroso de acesso, garantindo espaço e condições justas para todos os profissionais. Para o público geral, é essencial que informações sobre horários, distribuição de pulseiras e regras de acesso sejam claras e cumpridas à risca, evitando privilégios indevidos ou confusão. Transparência, planejamento e comunicação eficiente são soluções simples que poderiam evitar frustração e valorizar todos os envolvidos.
🕹️ Menos marcas, menos impacto
Outro ponto que chamou atenção foi a ausência de grandes marcas. Em anos anteriores, estandes de gigantes como PlayStation, Nintendo, Razer e até mesmo estúdios independentes dominavam o pavilhão com experiências grandiosas, ativações imersivas e lançamentos bombásticos.
Em 2025, no entanto, o evento deu sinais claros de retração. Alguns espaços estavam mais vazios, outros se repetiram de forma quase idêntica à edição anterior. E o corte de cinco dias para quatro de evento reforça essa sensação de enxugamento.
É compreensível que os altos custos operacionais, impostos e taxas governamentais impactem diretamente a participação de empresas internacionais, mas o que preocupa é o desinteresse crescente de algumas big techs e marcas de hardware em continuar investindo na feira. A ausência de nomes de peso deixa um vazio que nem os criadores de conteúdo, por mais carismáticos que sejam, conseguem preencher.
💭 Reflexão: o futuro das feiras de games
O que estamos vendo talvez seja o início de uma transição inevitável. A indústria de games se tornou cada vez mais digital, com lançamentos online, trailers revelados em eventos virtuais e interações diretas nas redes sociais. Plataformas como a Gamescom Online, Summer Game Fest e os showcases da Nintendo e Xbox já provaram que é possível alcançar milhões de pessoas sem depender de um espaço físico.
Será que estamos assistindo ao fim da era das grandes feiras presenciais como a conhecemos? Talvez não um fim, mas uma transformação. O formato pode mudar, mas a paixão que move a comunidade gamer continua sendo o combustível principal.
Ainda assim, há algo insubstituível na energia de uma multidão reunida, no som dos aplausos ecoando em um auditório, e no brilho dos olhos de quem finalmente encontra o criador do jogo que marcou sua vida. Essa emoção não cabe numa tela, e talvez seja isso que ainda mantenha a BGS viva, mesmo em tempos de transição.
🎙️ Conclusão
Se antes tínhamos cinco dias de festa gamer, agora restam quatro. Se antes víamos marcas disputando espaço, hoje vemos estandes menores e nomes sumindo do mapa. É o reflexo de um mercado em mudança, pressionado por custos e pela digitalização inevitável.
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