Não é novidade que nosso parceiro
e camarada Eddie Martelli está escrevendo um livro com uma história épica. A
trama mistura elementos místicos com toques do mundo atual, lembrando muito uma
campanha de RPG de mesa. Ele se inspirou em autores consagrados como Bernard
Cornwell e, principalmente, em alguns escritores brasileiros que marcaram seu
estilo. Neste artigo, vamos falar um pouco sobre essa jornada criativa e as
influências que moldaram esse universo.
Mas antes de mergulharmos nesse
projeto, vale a pena olhar para uma das maiores inspirações do gênero: o legado
de Dungeons & Dragons.
O Legado
de D&D
Desde que foi criado em 1974, Dungeons
& Dragons (ou simplesmente D&D) transformou a fantasia medieval em
uma experiência colaborativa. Mais do que enfrentar monstros ou explorar
masmorras, o jogo colocou o foco nos personagens, nas escolhas que eles fazem,
nos mundos que habitam e em como essas histórias evoluem com o tempo. Isso
mudou completamente a forma como contamos e vivemos aventuras.
Aqui no Brasil, o RPG ganhou
força nos anos 1990, principalmente graças a revistas como a Dragão Brasil.
Foi nessa época que uma geração inteira se apaixonou por esse tipo de narrativa
e começou a transformar suas sessões de jogo em histórias escritas, criando uma
cena de literatura fantástica única e cheia de identidade.
Autores Brasileiros Inspirados por D&D
Diversos escritores brasileiros
já declararam abertamente que suas obras carregam, de forma direta ou indireta,
a influência de Dungeons & Dragons. Entre os nomes mais marcantes
dessa conexão entre RPG e literatura nacional, alguns se destacam tanto pelo
talento quanto pelo vínculo claro com o estilo de narrativa típico das
campanhas de mesa.
Um dos exemplos mais emblemáticos
é Leonel Caldela. Ele ficou conhecido como roteirista de campanhas para o
cenário Tormenta — o maior universo de RPG do Brasil, fortemente inspirado em
D&D — e também como autor de romances que mergulham em mundos sombrios, com
intrigas políticas, batalhas intensas e dilemas morais. Livros como O
Inimigo do Mundo, O Crânio e o Corvo e Deus Máquina têm
estrutura narrativa semelhante a campanhas de RPG, com arcos bem definidos,
evolução constante dos personagens e reviravoltas que remetem ao improviso
típico de uma boa sessão de jogo.
Outro nome importante é Karen Soarele, autora da série Crônicas de Myríade. Seus livros combinam
fantasia clássica com elementos típicos de RPG, como mapas detalhados, sistemas
de magia bem definidos e tramas que lembram jornadas de grupo em campanhas
cooperativas. Karen também já participou da produção de suplementos de RPG e
sempre defendeu a união entre literatura e jogos como forma de enriquecer ambos
os lados.
Já Eduardo Spohr, conhecido por A Batalha do Apocalipse e pela trilogia Filhos do Éden, traz em seus livros uma influência mais sutil, mas ainda assim presente. Mesmo trabalhando com temas como fantasia urbana e batalhas entre anjos, ele carrega o espírito de RPG nas decisões dos personagens, nos dilemas morais e no ritmo da narrativa. Spohr é RPGista de longa data, e muito do que ele escreveu foi inspirado diretamente nas campanhas que mestrava com os amigos.
Do
Jogo para o Papel
Além desses autores consagrados, há uma leva cada vez maior de escritores independentes que vêm produzindo contos, romances e antologias baseadas em aventuras que começaram nas mesas de D&D. Plataformas como Wattpad e Amazon se tornaram espaços ideais para esse tipo de escrita, onde a espontaneidade das campanhas se mistura com a estrutura da narrativa tradicional. Isso criou um novo tipo de literatura fantástica brasileira, com identidade própria e cheia de alma.
Aqui no Brasil, a relação com Dungeons & Dragons também serviu de impulso para a criação de cenários originais, como Tormenta e Reinos de Moreania. Esses mundos, nascidos diretamente da paixão por RPG, não só alimentaram jogos e campanhas, como também viraram base para livros, quadrinhos e todo um ecossistema criativo que continua crescendo.
Conclusão
Dungeons & Dragons é mais do que um jogo — é uma verdadeira escola de narrativa. E os escritores brasileiros souberam aproveitar essa inspiração como poucos, transformando suas mesas de RPG em universos ricos, criativos e cheios de histórias incríveis. Para quem gosta de fantasia, mergulhar nessas obras é como viver uma grande campanha... só que nas páginas de um bom livro.
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